quinta-feira, 23 de julho de 2009

SÍSIFO E ÍTACA

"Está tudo bem!"

Conclusão de Sísifo sobre seu destino.

Será?



Saudações literárias, sensíveis observadores escondidos, como se sentem?

Imaginem uma turma de direito heterogeneamente homogenia e em aparência formal e crítica.

Imaginem uma professora universitária de literatura de cabelos roxos e sorriso arrebatador dizendo que odeia quando seus pupilos forenses escrevem “óbito” ao invés de morte. “Morte é mais bonito.”

Imaginaram? Minhas doces crianças! O paizinho fica feliz quando é obedecido.


Então, a bolera Ziza nos apresentou a notáveis obras de arte literárias e cinematográficas no último outono, mas duas me marcaram especialmente (sendo monstruosamente injusto com o trágico Édipo e a melancólica Hora da Estrela; quem não esconde inconfessáveis injustiças nos compartimentos secretos da terrível consciência? “Eu te abandono por um mundo melhor.” Balzac) foram o solerte Sísifo; na mitologia grega Sísifo era considerado o mais astuto de todos os mortais e foi condenado pelos deuses, por enganá-los, a rolar uma grande pedra de mármore com suas mãos até o cume de uma montanha e vê-la rolar novamente montanha abaixo até o ponto de partida e assim fazê-lo por toda eternidade; seu castigo extraordinário é uma metáfora perfeita para a paixão; e o utópico Ítaca, um dos poemas mais belos e amados do mundo. Valeu, Ziza, a gente se vê em Ítaca ou no Pitágoras. O que for mais barato. Um beijo de seu pior aluno Thiago Castilho.


Ítaca


Constantino Kávafis


Se partires um dia rumo à Ítaca
Faz votos de que o caminho seja longo
repleto de aventuras, repleto de saber.
Nem lestrigões, nem ciclopes,
nem o colérico Posidon te intimidem!
Eles no teu caminho jamais encontrarás
Se altivo for teu pensamento
Se sutil emoção o teu corpo e o teu espírito, tocar

Nem lestrigões, nem ciclopes
Nem o bravio Posidon hás de ver
Se tu mesmo não os levares dentro da alma
Se tua alma não os puser dentro de ti.

Faz votos de que o caminho seja longo.
Numerosas serão as manhãs de verão
Nas quais com que prazer, com que alegria
Tu hás de entrar pela primeira vez um porto
Para correr as lojas dos fenícios
e belas mercancias adquirir.
Madrepérolas, corais, âmbares, ébanos
E perfumes sensuais de toda espécie
Quanto houver de aromas deleitosos.
A muitas cidades do Egito peregrinas
Para aprender, para aprender dos doutos.
Tem todo o tempo Ítaca na mente.

Estás predestinado a ali chegar.
Mas, não apresses a viagem nunca.
Melhor muitos anos levares de jornada
E fundeares na ilha velho enfim.
Rico de quanto ganhaste no caminho
Sem esperar riquezas que Ítaca te desse.
Uma bela viagem deu-te Ítaca.
Sem ela não te ponhas a caminho.
Mais do que isso não lhe cumpre dar-te.
Ítaca não te iludiu
Se a achas pobre.
Tu te tornaste sábio, um homem de experiência.
E, agora, sabes o que significam Ítacas.


THIAGO CASTILHO

Um comentário:

  1. Pior aluno!
    do trigo o joio sempre separa. As nuances q se tem qdo se observa a vida, às vezes vem de uma direção de um roxo q nem sempre é velório. rs
    Édipo, Sísifo, Macabéa e outros tantos são personagens q escancaram a porta do coração para q outros tantos possam entrar. Tomara q seja uma porteira para q haja um estouro em seu peito qd conhecer outros e tantos e mais q muitos.rs
    Bjs e sua alma e deixe a porta aberta!
    Ziza

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