“Nós nascemos para escrever, Thiago.”
Enias Oliveira
O POETA DO VALE DO AÇO
A Enías Oliveira, meu amigo imortal
“Há se não fosse essa coruja cantando,
eu jamais perceberia a existência da alma.”
Enías Oliveira
De noite passei pela nossa antiga rua, olhei para a sua casa.
Observei à mineira você sentado na varanda, escrevendo.
Talvez tenha estranhado porque sua voz rouca me fulminou:
“Então, Thiago, tudo bem ou por acaso você viu um fantasma?”
Campeonato de arremessos livres de basquete nos fundos da casa.
Conversas noturnas na varanda: musas, futebol, política e irrisões.
Sua cadeira de rodas, meu pai alcoólatra, os amigos, o calor.
Troca de apelidos traumáticos e nossa solidão compartilhada.
Eremita urbano, aspirava publicar seus originais intimistas:
“Caleidoscópio de Emoções”, “Abril-Agosto”, sua vida em poesia.
Mas seus rins o mergulharam num réquiem prematuro e misterioso.
E sua paixão pelas palavras influiu em mim, poeta maldito.
Quem se sentava ao seu pé para ouvi-lo ler seus poemas e contos?
Assinamos erros dolorosos e atiraram pelas nossas costas.
A varanda metamorfoseou-se numa revolucionária nuvem insular.
Dentro de Deus você volta a andar e espera o amigo que ficou.
Fixa na parede de meu quarto-do-caos, sua ex-camisa do Cruzeiro.
Sua irmã me disse que mandou me dá-la,
Amizade: companhia poderosa contra a inaceitação do mundo.
Os dois. Por que não matamos a saudade do sarau, Ninias?
THIAGO CASTILHO
Thiago,
ResponderExcluirdelicioso o mergulho q vc me proporcionou à procura de almas q se comungam, silenciosamente, nos versos q me gritaram.(paradoxal?)
Posso dizer q coadunei com essa comunhão e, de coração, fiz parte desses momentos q agora se eternizam em seus versos.
Agora, um vazio invade minha alma e penso em seus versos...
Bjs e obrigada pelo momento!