“Fui muito criticado e ridicularizado quando jovem. (...) Achavam-me idiota ou palhaço; suportei os ataques porque ao mesmo tempo recebia o estímulo de meus companheiros de geração e de pessoas mais velhas, nas quais depositava confiança, pela capacidade intelectual e pela honestidade de julgamento que as distinguiam.” Carlos Drummond de Andrade, Antologia Poética
“É um dom que Deus me deu.” Kid Bengala, ator pornô brasileiro
“A derrota ensina humildade” Fernando Henrique Cardoso, A arte da política
BASTARDO INGLÓRIO OU CÂNDIDO
Querida leitora, segundo Silviano Santiago “Depois de Machado de Assis, Drummond com o seu sentimento do mundo é quem tem uma visão simultânea e responsável dos acontecimentos sócio-políticos e econômicos no planeta Terra.” Sua obra é um “projeto poético-pensante” (Heidegger). Em suma: Drummond ensina a viver. Por isso não me arrependo do tempo dedicado na composição passional e insone duma redação para ele (“Querido Drummond...”) com a qual concorri no Concurso Nacional de Redação Assis Chateaubriand. Intitulei-a “A Um Elefante, com Amor”.
Segundo Affonso Romano de Sant’Anna “Ler Drummond é mais do que um prazer poético, é um sofisticado exercício de compreensão da própria vida e da irremissível perplexidade humana.” Assim, era natural que um jovem mineiro angustiado e neurótico como eu se identificasse com seu “universo complexo e labiríntico”. Escrever muda tudo. “Um homem vê surgir em si mesmo outro homem.” Antônio Candido. Então, se posso dizer que fui concebido ao entrar na faculdade de direito, (pois antes minha vida era “um sistema de erros, um vácuo atormentado” já disse), nasci ao projetar o Esconderijo do Observador, não seria talvez pedante demais afirmar que abri os olhos do meu estilo do “estilhaçamento” ao arquitetar esse texto com obsessão. Senti após sua construção que poderia escrever qualquer coisa. Respeitando os processos de pesquisa, reflexão e invenção que cada obra exige para se realizar.
Em verdade, fiquei com o coração moído quando vi que não tinha ganhado o premio Assis Chateaubriand como prometera aos amigos, mas pelo menos perdi para um baiano. (O primeiro lugar é baiano.) Perdão, amigos, pela frustração. Esqueçam os gênios judeus, os cientistas japoneses, os filósofos alemães, os escritores argentinos e os roteiristas americanos. A raça mais inteligente que existe são os baianos. Um bom baiano tem a inteligência de 2 homens não-baianos. É inequívoco, eu não considero humanamente possível que 7 redações (considerando os 3 primeiros lugares e as 4 menções honrosas) possam ter superado A Um Elefante, Com Amor. Talvez me engane. Todavia, esse foi o primeiro e último insulto literário que me fizeram. Acabou, nega.
O que nos transporta a uma cena do filme “Uma Mente Brilhante” em que o personagem principal, John Nash disputa um jogo de estratégia com um amigo e perde. Ele diz, assombrado, “Isso não poderia ter acontecido. Eu iniciei a partida. Eu deveria ter ganhado.” Sarcástico, seu amigo responde: “Mas você perdeu, John.” Inconformado como uma criança mimada ele alega despeitado “Esse jogo não valeu.” Contudo, peco antes por “envolvimento emocional” do que por negativo despeito. Eu realmente acho minha redação perfeita e inigualável em sua criatividade, consistência e concisão. Obviamente a estrutura da ciência (Observação, experimentação e comparação) me exortaria cautela para não passar por ridículo. Que se façam as aferições, meu amor...
O nobre Assis Chateaubriand que motiva mais de 10.000 estudantes a escrever para ele anualmente, o que é louvável e extraordinário em se tratando da terra do Lula, encerra uma falha grave: a falta de transparência nos resultados finais do concurso. Afinal, é incompreensível e até uma falta de consideração com os outros participantes que as redações vencedoras não estejam disponíveis na internet. Primeiro, porque a eleição do augusto comitê é soberana e irrecorrível, depois porque as redações vencedoras devem ser excelentes e dignas de leitura (assim espero, pois sempre corremos o risco da velha insipidez coletiva), independente de Sacco e Vanzetti. Finalmente, citando o escritor e critico literário da revista Veja, Sérgio Rodrigues: “A escolha duma banca julgadora revela mais de si mesma do que da obra.” Seja como for, a experiência me enriqueceu.
Um beijo do observador. Feliz natal, irmãos.
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http://guardachuvacintilante.blogspot.com/2010/04/aspiracao-ja-nao-queria-maternal.html
Próximo post: Em Nome do Pai (A Um Elefante com Amor)
Por: Thiago Castilho
Saudades de ti, querido!
ResponderExcluirNem preciso ler qualquer das redações para dizer que discordo do resultado! rsrs
Beijos!
Gostei do seu blog. Amei os textos. Vou seguir!
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