Eu me lembro quando contemplei seu corpo no caixão, quase dois metros de altura, 22 anos, foi duma devastação inexprimível. Que miséria, eu disse para mim, que desgraça! Eu estava inconformado. Mas quando cheguei em casa exausto do funeral e da dor minha mãe me disse “Deus sabe o que faz. Ele está com o Senhor agora.”. Eu contemplei minha própria mortalidade no velório do Artur. Onde estará “meu eu” quando ela vier me beijar? Que faremos, eu e meu eu, eu e meu ego, eu e meu orgulho, eu e minha vaidade, eu e meu egoísmo? Certamente desaparecemos juntos. Não vale a pena diante da morte. Ela é uma medida para o melhor. Ela nos ensina que somente o amor, a bondade e a generosidade podem contribuir para nossa felicidade e expõe de maneira inequívoca toda a nossa fragilidade humana.
Somos humanos, portanto imperfeitos e estamos condenados a morte, todos nós, sem exceção. A morte é genuinamente democrática, meus queridos. Todavia também temos o que os filósofos chamam de “perfectibilidade”, a capacidade de nos aperfeiçoar ao longo de nossa vida, corrigindo nossos erros e reinventando nossas relações. Eu nunca te esqueci, Artur. Eu espero que me perdoe por qualquer coisa e que esteja bem. Como disse nosso querido e eloqüente amigo Walace Aquino “Até um dia Dr. Artur”, ou antes, até uma noite dessas tenebrosa, talvez, mas estriada de estrelas... Nos reencontraremos todos numa praia da Bahia ao som da Ivete Sangalo (Ninguém é perfeito) que você amava. Inté, meu amigo.
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“Livrar a mente da presunção” Johnson