Acima: o trailer
Brimstone, que faz o Tarantino (o diretor de cinema mais brutal dos EUA)
parecer sua mãe passando um café na tarde alaranjada e sorrindo como um anjo.
No Tarantino há o consolo do implausível, do exagero irreal. Aqui tudo é
terrivelmente real, plausível, visceral, misógino e irrespirável. Além de
imperdoável, é claro. Recomendo para quem tem nervos de aço. E definitivamente
não para as feministas.
SOBRE
AS VÍTIMAS DE ABUSO EMOCIONAL
(Para Lívia que me
ligou hoje de manhã e com quem conversei sobre este artigo e fiz menção a esse
filme terrível que assisti. Espero que esse saber possa lhe ajudar.)
Domingo passado na
sessão dominical de cinema assisti ao feroz filme Amaldiçoada (Brimstone). Fazia
muito tempo que um filme não me chocava, mas a maldade, a hipocrisia e a
covardia em Brimstone superam o indecente e atingem o insuportável. Brimstone é
um mergulho no inferno como se tornam nossas vidas quando temos nossa
auto-estima sistematicamente atacada e massacrada até nos tornarmos vítimas de
neuroses auto-destrutivas e eclipsantes que se manifestam na forma de renúncia
ao nosso pensamento crítico e de passividade diante dos abusos que sofremos por
parte de pessoas próximas e egoístas. Naturalmente ninguém normal suportaria
uma coisa assim.
Li uma crítica
cinematográfica do filme supracitado em que o autor diz enfaticamente em sua hermenêutica
“‘Brimstone’ é uma história de resistência a crueldade intransigente, um
poderoso conto contra os impiedosos e não é para qualquer um.” No filme uma mãe
desesperada e corajosa faz de tudo para salvar sua filha de seu pai abusivo,
incestuoso e sádico. A vida da personagem principal é uma jornada de dor e de
luta intensa. (Na vida real o melhor que uma mãe pode fazer pela sua filha é
ser feliz.) Dar a um filho o exemplo de dignidade, de emancipação humana e de
defesa dos seus direitos fundamentais é o melhor legado que uma mãe poderia
deixar para sua filha.
O filme é infinitamente
brutal, mas vale a pena como exercício de catarse. Você pode estar “amaldiçoada”
como a protagonista do filme, mas pode lutar até o fim e se redimir do duro
destino. Você pode escrever sua própria história de sofrimento e superação ou
não. Seja como for, a escolha é sua. Qualquer um que diga o contrário é um
tirano como o antagonista psicopata, revoltante e implacável do filme. Abaixo,
um artigo sobre os efeitos de uma relação radioativa na mente de suas vítimas. O
artigo é bastante claro ao relatar que as vítimas de abuso tiveram seu
amor-próprio destruído. Como ajudá-las?
“vale lembrar que, no
geral, o histórico de relações abusivas tendem a se perpetuar se não sofrer uma
interrupção, dessa forma, as vítimas farão novas vítimas, repassando o modelo
doentio de se envolver afetivamente aos seus descendentes. Contudo, faz-se
necessário compreender que ninguém deverá encarar o histórico de vida sofrido
dos antepassados como uma sentença irrevogável que será estendida aos
descendentes, basta buscar ajuda e se posicionar como um agente de
transformação desse ciclo, beneficiando a si próprio bem como as gerações
futuras da própria família.” Do artigo abaixo. Com efeito, ninguém que esteja
enfermo poderá se curar se não buscar ajuda. Recomendo com rigor para quem não
deseja que seus filhos sofram o que eles sofreram. Quanto mais reprime sua
vontade verdadeira mais doente a pessoa se torna. Respeite-se.
Afinal, como afirmou o
psicanalista Dunker no vídeo sobre “chantagem emocional” o neurótico irá
reproduzir nos outros o comportamento do qual foi vítima. Não permita. Se for o
seu caso e você se identificar com a crônica abaixo para poupar o tempo do
diagnóstico do psicólogo quando for consultá-lo já pode se apresentar dizendo
“Eu sou uma pessoa inteligente e independente, mas sou uma vítima crônica de
abuso emocional e desejo me libertar dessa condição infeliz para que eu não
prejudique meus filhos no futuro, involuntariamente, como fizeram comigo. O que
eu preciso fazer para isso? Eu não quero mais fazer parte desse círculo vicioso
e venenoso. Eu quero ser livre e feliz.” Esse é primeiro passo para se libertar
da “dependência mutiladora” como dizia Freud.
“Obviamente, uma pessoa
esclarecida intelectualmente e com independência financeira terá menor
vulnerabilidade no que se refere às relações abusivas, uma vez que ela não terá
a dependência econômica como um fator agravante que venha a dificultar a
ruptura de uma união tóxica.” Do texto abaixo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
“Livrar a mente da presunção” Johnson