A FÊNIX
“_Você é feliz?
_Sim.
(...)
_Eu menti quando disse
que era feliz. Não somos felizes. Somos prisioneiras. Somos estupradas.” O
conto da Aia
Eu estava pesquisando
sobre criminologia (A criminologia é
o conjunto de conhecimentos a respeito do crime, da
criminalidade e suas causas, da vítima, do controle social do ato criminoso,
bem como da personalidade do criminoso e da maneira de
ressocializá-lo. Etimologicamente o termo deriva do latim crimino ("crime")
e do grego logos ("tratado" ou
"estudo"), seria, portanto, o "estudo do crime") quando
encontrei por acaso um vídeo recente desses três titãs (Karnal, Cortella e
Pondé) sobre esse tema fascinante, posto que flutuante: a felicidade. Salvo
engano, já escrevi uma crônica sobre um colóquio entre Karnal e Clóvis com foco
semelhante, intitulado “Felicidade ou morte” na Obvious.
A
experiência nos ensinou que os extremos não funcionam no Direito bem como na
vida. Aliás, segundo Kant é mais importante ser digno da felicidade do que
propriamente feliz. Eu costumava achar esse pensamento muito elevado no
passado. Contudo, hoje percebo que ele pode resultar numa resignação autodestrutiva.
Enfim,
confesso um crime talvez imperdoável, cochilei no meio do bate-papo dos três
tenores, mas despertei no final. Tomei um café e guardei algumas lições dos
mestres, uma inclusive polêmica e que precisa ser investigada, qual seja, de
que a misericórdia (a experiência do perdão) é essencial para a felicidade.
Vindo do Pondé isso é realmente surpreendente. Ele também disse que só
considera possível a felicidade dentro de uma conduta de autenticidade e
coragem. Karnal introduziu a “independência” como fator-chave para a
felicidade. Afinal, “minha felicidade não pode depender dos outros.”.
Conclusão:
a felicidade está visceralmente ligada a noção de emancipação pessoal. (“Nolite
Te Bastardes Carborundorum”). Vide a perturbadora série O conto da Aia, onde
num futuro distópico a humanidade se tornou quase completamente estéril e com a
desculpa de perpetuar a espécie um grupo de radicais religiosos tomam o poder
político nos EUA, fecham o congresso, depõem o presidente e cassam todos os
direitos civis e políticos das mulheres, que retornam a Idade Média e são
obrigadas a se tornarem máquinas de reprodução para desconhecidos poderosos
(aquelas poucas que ainda têm o poder de engravidar) ou no máximo, donas de
casas servis que não podem sequer ler um livro. É impressionante a devastação
que a perda da liberdade causa na vida das pessoas.
Coincidentemente
estou lendo um livro do Luc Ferry lançando esse ano intitulado “7 maneiras de
ser feliz” Subtítulo: como viver de forma plena. (Então, o Pondé não acredita
em plenitude. Pensa que é uma utopia pueril. Para ele sempre seremos
“insuficientes”.). Em suma, para o filósofo francês as sete maneiras de ser
feliz são: Amar, admirar, emancipar-se, ampliar os horizontes, aprender, criar
e agir. Não é fácil ser feliz. Não é verdade? Talvez em outra vida nasçamos
bonobos (espécie de macacos que fazem sexo o tempo todo). Segundo o Karnal eles
são mais felizes. Para o Cortella é uma “falsa felicidade”, pois eles são
movidos por instintos biológicos e não pela deliberação racional. “Como ser
feliz na servidão?” perguntaria Ferry. Em verdade, para mim além de tudo que
foi supracitado é necessário uma “célula de sorte” para ser feliz. E há sempre
a imortal esperança de que no futuro... quem sabe... talvez... por que não?
A mensagem final do Karnal é redentora. Vale a pena
assistir e assimilar. Recomendo.
“Se
não quero ir para as montanhas, se quero ir para a praia, por que continuar a
dirigir o carro pela estrada que vai para as montanhas?” Rubem Alves
Por: Thiago Castilho
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