“O poema é feito de palavras necessárias e insubstituíveis.”
Octavio Paz
Apenas uma recomendação, doce leitora: saboreie lentamente.
"Obrigado por teres posto a tua mão sobre a minha."
José de Sousa Saramago (1922, escritor português, único Nobel de Literatura em língua portuguesa. Prêmio merecido, mas não sua solidão.)
Na Ilha Por Vezes Habitada
Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra em nós uma grande serenidade,
e dizem-se as palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres,
com a paz e o sorriso de quem se reconhece
e viajou à roda do mundo infatigável,
porque mordeu a alma até aos ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.
José Saramago
“Eu sou mais forte do que eu.”
Clarice Lispector, (1920 – 1977, escritora brasileira, nascida na Ucrânia. Opinião minha: a maior escritora do mundo. Não é Ziza?)
Meu Deus, Me Dê a Coragem
Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
meu pecado de pensar.
Clarice Lispector
“Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.”
Affonso Romano de Sant'Anna (1937, escritor mineiro, autor de Drummond, o guache no tempo.)
Assombros
Às vezes, pequenos grandes terremotos
ocorrem do lado esquerdo do meu peito.
Fora, não se dão conta os desatentos.
Entre a aorta e a omoplata rolam
alquebrados sentimentos.
Entre as vértebras e as costelas
há vários esmagamentos.
Os mais íntimos
já me viram remexendo escombros.
Em mim há algo imóvel e soterrado
em permanente assombro.
Affonso Romano de Sant'Anna
Obs.: poemas extraídos em http://leaoramos.blogspot.com/ ou Poemblog cuja leitura Esconderijo recomenda aos leitores aristocráticos para quem a poesia é quase uma cura psicanalítica.
“Aos olhos dos outros, um homem é poeta se escreveu um bom poema. A seus próprios, só é poeta no momento em que faz a última revisão de um novo poema. Um momento antes, era apenas um poeta em potencial, um momento depois, é um homem que parou de escrever poesia, talvez para sempre.” W.H.Auder
Mtooo Loko Esse Blog Adorei Tudo,Mais Tinha Que Ser Mesmo, Ainda Mais Sendo De Thiago,O Primim Q Tantooo Amo, A Mha Fonte De Inspiração.
ResponderExcluirPARABÉNS PELO BLOG TÃO DIVULGADO E ACESSADO, BOM BLOG E BOA SORTE!!!
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