“A mulher é o mais sublime dos ideais.” Victor Hugo
40 GRAUS DE FEBRE
Pura? Que vem a ser isso?
As línguas do inferno
São baças, baças como as tríplices
Línguas do apático, gordo Cérbero
Que arqueja junto à entrada. Incapaz
De lamber limpamente
O febril tendão, o pecado, o pecado.
Crepita a chama.
O indelével aroma
De espevitada vela!
Amor, amor, escassa a fumaça
Rola de mim como a echarpe de Isadora, e temo
Que uma das bandas venha a prender-se na roda.
A amarela e morosa fumaça
Faz o seu próprio elemento. Não irá alto
Mas rolará em redor do globo
A asfixiar o idoso e o humilde,
O frágil
E delicado bebê no seu berço,
A lívida orquídea
Suspensa do seu jardim suspenso no ar,
Diabólico leopardo!
A radiação faz que ela embranqueça
E a extingue em uma hora.
Engordurar os corpos dos adúlteros
Tal qual as cinzas de Hiroshima e corroê-los.
O pecado. O pecado.
Querido, a noite inteira
Eu passei oscilando, morta, viva, morta, viva.
Os lençóis opressivos como beijos de um devasso.
Três dias. Três noites.
água de limão, canja
Aguada, enjoa-me.
Sou por demais pura para ti ou para alguém.
Teu corpo
Magoa-me como o mundo magoa Deus. Sou uma lanterna —
Minha cabeça uma lua
De papel japonês, minha pele de ouro laminado
Infinitamente delicada e infinitamente dispendiosa.
Não te assombra meu coração. E minha luz.
Eu sou, toda eu, uma enorme camélia
Esbraseada e a ir e vir, em rubros jorros.
Creio que vou subir,
Creio que posso ir bem alto —
As contas de metal ardente voam, e eu, amor, eu
Sou uma virgem pura
De acetileno
Acompanhada de rosas,
De beijos, de querubins,
Do que venham a ser essas coisas rosadas.
Não tu, nem ele
Não ele, nem ele
(Eu toda a dissolver-me, anágua de puta velha) —
Ao Paraíso.
(tradução de Afonso Félix de Souza)
Por: Sylvia Plath, poeta americana
Eu não me recordo do meu parto, mas minha mãe me disse que foi o pior dia de sua vida. Ela sempre diz “Thiago, meu filho, você me deu muito trabalho para nascer e continua dando.”
Meu Deus, obrigado pelas insubstituíveis mulheres, apesar de toda raiva que eu já passei com elas, amo-as, e muito obrigado por eu ter nascido homem, inequívoco.
Feliz dia internacional da mulher, querida leitora.
Um beijo especial do observador. Sempre teu.
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“A literatura não pode mudar o mundo, mas a minha geração achava que sim. Da mesma forma como acreditava a geração do Jorge Amado, Graciliano Ramos e Raquel de Queiroz. Em todo caso, se a literatura mudar as pessoas, isso já é suficiente. E ela muda.” Moacyr Scliar (1937 – 2011). Valeu, velhinho!
Muito bom seu post, realmente. "E muito obrigado por ter nascido homem"... bom... foi ótima tirada rsrs.
ResponderExcluirObrigada pela passagem lá no Scene, será sempre muito bem vindo.
bjos
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNossa! O post mais lindo que já vi.
ResponderExcluirAcredito que só quando percebe a essência da mulher o homem se torna homem.
“A mulher é o mais sublime dos ideais.” Victor Hugo
Adorei.
Um beijo Ti,
Mih
Amei, esse foi especial, adorei a maneira que colocou o quão especial as mulheres são.
ResponderExcluirBjs