“Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade”Fagner, Canteiros.
(Essa canção elegíaca me lembra do meu
amado avô paterno, do meu querido amigo Artur e de quem mais?)
2013, O ANO DO ADEUS
O ano em que formamos na Faculdade de
Direito, e não mais ouviremos o sino da catedral defronte da academia, nem
jantaremos ao ar livre circulados por estudantes... É tempo de dizer adeus a
antiga tribo do Thiago e seguir em frente sozinho como sempre.
Abaixo: Seu João, o macho-alfa da nossa
turma triunfal. Mais de 70 de anos de pura e invulnerável virilidade e coroado
de fêmeas na formatura.
O ano em que cientistas ingleses
descobriram Huge-LQG, a maior estrutura jamais vista no Universo (Medida: 1,6
bilhão de anos-luz.). O ano da Odetinha, a primeira santa carioca, do beijo da
morte no trágico incêndio ocorrido na boate Kiss, no Rio Grande do Sul; o ano
da renuncia do Papa Bento XVI, da elevação do novo Papa argentino Francisco. O Ano
em fomos campeões brasileiros, Cruzeiro, Cruzeiro querido...
“Quem é que entende a incoerência dos
desejos humanos?” Pondé, Guia politicamente incorreto da filosofia
2013, o ano em que me recusei a pagar
mais caro por uma passagem de ônibus e fui para as ruas de Porto Alegre e
depois para as ruas de todo o Brasil numa série de protestos políticos poderosos.
O ano em que fui ferido durante um atentado terrorista na Maratona de Boston e
depois tremi num Terremoto de 7,9 graus entre o Irã e Paquistão. O Ano em que
assistimos abraçados o eclipse solar na Austrália e quedamos de balão na
Turquia. O ano em que eu (um tornado) devastei Oklahoma nos EUA e denunciei em
entrevistas aos jornais The Guardian e The Washington Post o esquema de
espionagem realizado pelo governo norte americano em sistemas de comunicação de
todo o mundo.
O ano em que Vênus se aproximou da lua, em
que tomei posse na Academia Brasileira de Letras porque inventei o Real (e
agora eu sou imortal, mas em verdade não escrevo mal). O ano em prendemos os
ladrões do Mensalão (Incrível, não?), e fui morta por policiais ao tentar
romper o bloqueio em frente a Casa
Branca em Washington, e leiloei o campo de Libra no pré-sal e fui exumado e
levado a Brasília com honras militares.
“Você se parece com todo mundo
É, eu te amei demais
Eu sofri pra burro” Cazuza
O ano em que te reencontrei depois de
uma vida e te conquistei e te perdi. Por acaso eu não fui o coautor de seu
abandono apocalíptico e acolhi com falso estoicismo sua “declaração de ausência”
porque dei minha palavra que não a faria sofrer e cumpri? E que direito eu
tinha de desconstituir a conspiração dos ciumentos? Seja feliz, querida.
O ano em que perdemos o imbatível Taihō
Kōki (lutador de sumô), Hugo Chaves, um TOC dos EUA, Chorão do Charlie Brown
Jr, Emílio Santigo (que minha mãe adorava), a dama de ferro do Reino Unido Margaret
Thatcher, o divino Dominguinhos, o poeta Seamus Heaney, o sexo, drogas e rock
& roll Lou Reed, o veloz e altruísta Paul Walker e o líder contra o apartheid
Nelson Mandela... (Dezembro ainda não expirou, amigos...).
“Ele quer uma prostituta como esposa.”
Celine, Antes da Meia-noite
O ano em que li Rimbaud pela primeira
vez e assisti traumatizado Antes da Meia-noite. O ano em que descobri que
nenhuma coisa tem valor até que você a ame ou odeie. Retire o amor ou o ódio e
ela volta a ser o que era antes. E que o ódio (pelo menos entre ex-amantes) é
uma forma de preservar o sentimento original na esperança inconsciente de que
no futuro talvez ele degele e retorne a sua essência primitiva, o amor, o
amor... Por isso, Capitu, não me odeie. Esqueça-me, se conseguir. Porque eu
nunca consegui...
“O
Artur disse que você era completamente louco.” O irmão caçula do Artur comigo
quando descíamos o morro do cemitério abraçados. Até depois de morto a língua
do Artur deixa sua marca
O ano em que disse ao Thiago que o que
lhe daria jeito seria um “choque de realidade” e fui para casa e caí convulso e
fui levado para o Hospital, diagnosticado com câncer cerebral e morri. Mas eu
nunca irei morrer porque eu sou o Artur-Tusão, único e eterno.
“Não olhe para trás, Karl!” The Walk
Dead, o seriado favorito do Artur
Por: Thiago Castilho
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