DEXTER: A MÃO ESQUERDA DE DEUS

“Eu vivi nas trevas por um longo tempo. Ao longo dos anos meus olhos se ajustaram até que a escuridão... se transformou no meu mundo e eu pude ver.” Dexter

“Não sei o que me fez ser como eu sou, mas o que quer que tenha sido, deixou um vazio em seu lugar. Meu nome é Dexter. E eu sou um serial killer."

Querida leitora, essa é a noite. Dexter retorna do inferno após um ano de ausência. Foi duro esperar por ele, mas vale o sangue, se me permite a fina ironia. Criada por James Manos, Jr. e estrelada por Michael C. Hall e Cia, Dexter é uma sombria série americana baseada no livro Dexter, a Mão Esquerda de Deus, de Jeff Lindsay e conta a história de Dexter Morgan, um assassino em série que trabalha como analista forense especialista em padrões de dispersão de sangue, no departamento de polícia do Condado de Miami.

“Você é diferente, não é, Dexter?”

Harry, pai adotivo de Dexter, na infância quando o pequeno Dexter gostava de espostejar os animais dos vizinhos

“A bucetuda me tirou do caso.” Debra, irmã policial de Dexter(a uniformizada acima) Ela é o máximo e seus magnetizantes olhos azuis. Brilhante, ingênua, honrada, generosa, passional e desbocada, tenta sempre o melhor possível e tudo dá errado para ela. Ou ela se apaixona pelo psicopata que a seqüestra e tenta matá-la ou se apaixona pelo homem que é morto na sua frente. Assim, desabafa com seu irmão chorando: “Eu... estou quebrada, Dexter.”. Todo mundo está quebrado em Dexter. A velha fórmula dramática de pessoas machucadas tentando reencontrar o equilíbrio perdido para sempre funciona e cativa e comove milhões de pessoas pelo mundo a fora.

Dexter foi treinando na adolescência pelo seu pai adotivo o policial Harry que o ensina a matar sem deixar vestígios e lhe impõe um rígido código de conduta para direcionar seus impulsos homicidas. Dexter é um assassino por natureza, um psicopata que foi programado para matar outros psicopatas. Sádico e shakespeariano, problemático e poderoso, um homem aparentemente insuspeito e um assassino profissional, Dexter é como ele se auto-definiu “um monstro único” com sua incrível inteligência, sua expressão facial neutra, seu apetite vampiresco por sangue sujo, seu humor cruel e sua camisa da morte cinza com a qual sempre saí para caçar, matar, esquartejar, embrulhar e lançar no fundo do mar os despojos de sua grande arte. Dexter coleciona o DNA de suas vítimas em lâminas de vidro e os guarda numa caixinha que esconde atrás do ar condicionado de sua casa.

Trailer de abertura de Dexter. Reparem que ele inicia matando um pernilongo. Como não me identificar?

“Eu realmente preciso...matar alguém. (...) A tocaia correu bem. Só estou um pouco enferrujado desde que matei meu irmão.” Dexter Morgan

Dexter teve sua natureza humana deformada na infância por um trauma insuperável. Seu instinto de destruição e morte é totalmente direcionado ao outro. Furiosamente autoconfiante, “autosuficiente” e viril, Dexter mata por uma necessidade natural como amamos por uma necessidade natural. Tem seu sagrado ritual de aniquilação. Confirma a culpa do alvo, o seqüestra, o leva para um local ermo e o mata e desmembra numa sala plastificada depois de fazê-lo confessar seus crimes preso numa mesa como numa teia. Geralmente os executa com uma apunhalada no coração. Suspira como quem tem um grande orgasmo, olha para você e sorrir. Alguns amam Jesus. Outros amam Dexter. Quem você ama?

Dexter, ele nunca teve problemas em ser um psicopata genial e matar sem ser pego pela polícia, já quanto a árdua tarefa de ser pai...Vejam se estou exagerando:

“Eu sonho que estou boiando na superfície de minha própria vida. Vendo-a se desenvolver. A observando. E os de fora estão olhando para ela. Olhem para eles. Eles podem rir e brincar. É tudo tão fácil para eles. Mesmo que eu não seja um deles. Mesmo que às vezes eu possa ser um monstro. Hoje eu sou... um monstro marinho.” Dexter, como sempre perdido em um de seus filosóficos monólogos mentais quando levou as crianças para nadar no mar.

Ninguém ver a complexidade da labiríntica alma de Dexter exceto talvez sua namorada Rita que finge não ver porque já tem problemas demais com o ex-marido presidiário e traficante de drogas e Dexter é tão atencioso, afetuoso e bem-sucedido. Ela não quer perdê-lo só porque ele é incompreensível. (Quem dera tivessem a mesma paciência comigo.) Frio, calculista, dissimulado, sedutor e manipulador como um grande advogado, Dexter leva rosquinhas para os colegas policiais e tem uma paciência infinita com crianças de Rita, Astor e Cody.

"Eu adoro o halloween, é o único dia do ano em que todos usam uma máscara, e não apenas eu. As pessoas gostam de fingir que são monstros, enquanto eu tenho que passar o ano fingindo que não sou um." Dexter

Na primeira temporada Dexter fica fascinado com um serial killer que joga com a policia deixando partes exangues dos corpos de suas vítimas em lugares públicos com enigmas para serem decifrados. Dexter o considera “um artista” a quem ele precisa eliminar embora se sinta irresistivelmente atraído. Na segunda temporada ele se deixa seduzir selvagemente por uma artista plástica psicótica que o define como “O passageiro sombrio” e quase destrói seu relacionamento com sua namorada, a docíssima Rita, mãe de dois filhos que, portanto, serve como seu álibi social paradisíaco. Na terceira temporada Dexter torna-se amigo de um grande promotor que descobre seu segredo e propõe a ele uma parceria para “varrer” a cidade dos vermes criminosos. A amizade acaba quando Dexter constata que o promotor é tão psicopata quanto ele, mas sem seu código de ética. Na quarta temporada nosso anti-herói virtuoso combate o maior serial killer da história. As conseqüências são trágicas para ambos nesse duelo de açougueiros. Dexter “perde” pela primeira vez. E agora, na quinta temporada?

Sinistra e bela, Blood theme, essa canção me dá arrepios e sempre antecede a morte de alguém.

Certa vez ele investigava uma bela e feroz policial suspeita para ele de matar a própria filha. Para isso se aproximou dela. Em suma: a mulher se sente intensamente atraída por ele e faz tudo para seduzi-lo até que percebe com seu sexto sentido feminino, embora não possa detectar a razão, que a caça em verdade era um caçador. Ela tenta queimar o arquivo e chega a machucá-lo num combate extraordinário. Já vi Dexter lutar com caras muito mais fortes e humilhá-los, mas a mulher dá trabalho e ele lamenta antes de extingui-la. Ele diz “Você é forte. É uma pena.” E adeus, mamãezinha querida. Ps. Abaixo foto da psiquiatra brasileira Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do excelente Mentes Perigosas: O Psicopata Mora ao Lado. Ela adora Dexter.

Aquela voz interior que nos policia se manifesta em Dexter na forma de seu pai falecido com quem conversa fantasmagoricamente (Hamlet?), mas a consciência de um homem que não tem consciência emerge apenas para alertá-lo dos perigos possíveis e tentar neutralizá-los com antecedência ou contra-atacá-los de maneira fulminante. Dexter se sente constantemente ameaçado pela sua própria natureza. Ele é estranhamente especial, superior e solitário. Incapaz de sentir desamparo ou se importar com os outros, mas precisa fingir que se importa para se proteger. Enquanto nós fazemos o contrário. Se Dexter é um assassino, então por que o admiramos? É difícil compreender sua natureza singular uma vez que ela parece ser uma metáfora inconsciente da própria civilização igualmente programada para matar com justiça. Às vezes me sinto o próprio Dexter te observando sorrir. Dexter reflete nossa infinita treva interior (des)humana. Nada substitui o talento.

“Quem banha suas mãos com sangue…terá que lavá-las com lágrimas” Legenda da quinta temporada

Ele já era mau com sua meiga, carente e complacente mulher Rita. Imagine agora que Trinity a tirou dele! Eu tenho pena de suas vítimas. Tudo bem, não tenho, mas estou louco para vê-las implorar em vão pelas suas vidas viciadas.

No último episódio da primeira temporada Dexter imagina que sua verdadeira identidade como justiceiro de exceção é revelada e todos o saúdam por isso, orgulhosos. Um avião voa no céu com a seguinte faixa escrita “TE AMAMOS DEXTER”, e os circunstantes dizem “Valeu por tirar o lixo das ruas. Obrigado, amigão.” “Isso aí, Dexter. Protegendo nossas crianças! “SOU SEU FÃ Nº 1!” “DÁ-LHE DEXTER!” Mas tudo não passa de sua narcísica imaginação onírica. Afinal como ele próprio disse: “Vivo me escondendo. A minha sobrevivência depende disso.” Como diria Dexter, "essa é a noite." Você quer brincar? Sim, eu quero brincar.

"Eu não sou o monstro que ele quer que eu seja.
Então não sou homem, nem animal.
Sou algo inteiramente novo.
Com minhas próprias regras.
Sou Dexter."

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http://esconderijo-do-observador.blogspot.com/2009/12/psicopatias-mentes-perigosas-parte-i.html

Download:

http://www.baixeturbo.org/2008/02/download-dexter/

Um beijo do observador. Cuide-se.

Por: Thiago Castilho