Os pobres presos miseráveis
só sabem que as muralhas da prisão
são altas, fortes, invioláveis;
e que um dia é mais longo do que um ano,
- ano de dias infindáveis.
fez, com seu ânimo iracundo,
desde o primeiro que matou o irmão,
e deu início à Dor do mundo,
são peneiras que guardam joio vil
e atiram fora o grão fecundo.
que as paredes de uma Prisão
são feitas com tijolos de ignomínia
e têm grades negras, que são
para Cristo não ver como o Homem trata
barbaramente o seu irmão.
e o sol, de raios triunfais!
É melhor, sim! que escondam esse inferno:
pois lá se passam coisas tais,
que nem Filho de Deus nem filho de Homem
as deveria olhar jamais.
floresce bem, no ar da cadeia.
Só o que é bom no homem lá se perde,
só o que é mau lá se granjeia.
Há dentro um guarda: o Desespero; e à porta,
a Angústia fica de alcatéia.
até que chorem noite e dia;
azorragam os fracos e os dementes,
maltratam velhos à porfia.
Uns enlouquecem; todos se pervertem,
- mas ninguém diz sua agonia.
escura, fétida, nojenta!
Um hálito mortal, fecalizante,
enche a lucarna pardacenta.
Tudo morre; a Luxúria, apenas, vive
e a Humana Máquina atormenta.
lodo e imundície traz consigo.
O pão amargo e escasso, que nos dão,
tem cal e gesso mais que trigo.
E o Sono, sem dormir, pede, em desvairo,
que o Tempo abrande o seu castigo.
como serpentes em refrega,
ninguém cuida em sustento. O que nos mata
é, quando desce a noite cega,
sentir cada um, no coração, as pedras
que o dia inteiro ele carrega.
num crepúsculo funerário,
damos à manivela e esfiamos cordas
em nosso inferno sedentário.
E o silêncio apavora, mais que o bronze
a redobrar num campanário.
meiga, num gesto humano e puro:
o olhar que nos vigia, no postigo,
é impiedoso, áspero e duro:
apodrecemos, - alma e corpo em ruínas,
esquecidos neste monturo.
vamos, sozinhos, degradados:
um se maldiz; o outro chora; - e seguem
em silêncio, os mais desgraçados;
mas a Divina Lei suaviza e parte
os corações dos condenados.
é como aquela ânfora cheia
que outrora se partiu, e o seu tesouro
deu a Jesus da Galiléia,
espargindo na casa do Leproso
o olor do nardo da Judéia.
e ganha a Paz, e ganha o Amor!
Quem, de outra forma, pode libertar-se
do Pecado escravizador?
E onde, a não ser num coração partido,
entra Jesus, Nosso Senhor?
e olhar imóvel, indeciso,
aguarda as santas mãos, que o Bom Ladrão
exaltaram ao Paraíso:
Deus não despreza os corações contritos,
e é estranho, às vezes, seu juízo.
deu-lhe, de vida, três semanas,
para a sua alma conciliar consigo,
e sem idéias ruins, tiranas,
purificar do sangue derramado,
as mãos, um dia desumanas.
as rudes mãos de instintos crus:
pois só o sangue lava o próprio sangue
e só o pranto ao Bem reconduz:
e a nódoa rubra de Caim transforma
na branca auréola de Jesus!
terra de opróbrio os ossos come
de um desgraçado, envolto num sudário
que o afogueia e que o consome!
É uma campa infamante essa em que jaz,
uma campa que não tem nome!
tranqüilamente há de jazer.
Inútil verter lágrimas inúteis,
e dar suspiros, e gemer.
- Ele matou aquilo que adorava,
teve, por isso, de morrer.
o seu amor, o seu ideal.
Alguns com uma palavra de lisonja,
outros com um frio olhar brutal.
o covarde assassina dando um beijo,
o bravo mata com um punhal.
Amei. Amei.
ResponderExcluirAmo a escrita do frustrado do Wilde.
Amo o teu Blog também. =)
Beijoooo
Mih
PS: Vou surrupiar. ;)
Ah! Querido,
ResponderExcluirTarefa difícil esse mês. Vou ter que escolher uma escrita dentre as muitas belas no meu vicinal. Então, quem sabe você poderia me ajudar e enviar para o e-mail ‘michelesantti@gmail.com’ o teu fragmento predileto.
Fiquei lisonjeada quando o querido QUIM postou minha escrita em seu blog. Assim, decidi adotar a ideia e de uma forma honrosa, postar os autores mais próximos: os blogueiros, meus colegas avatares.
Não esquece de assinar o e-mail com o nome do seu Blog.
Beijos e ótima semana,
Mih
Mi, tudo que é meu, meu bem, é seu, é seu, é seu...
ResponderExcluirTentarei selecionar algo especial para você.
Um beijo do observador.