MENINO DE ENGENHO

"A angústia é a única fonte da criação." Jacques Lacan

NEVE NEGRA

Neve negra descendo lentamente pela primeira vez sobre o Vale. Terei coragem de te dizer tudo que não deveria ser revelado? Do outro lado do frio intenso jaz a lua cinza de fênix, inviolável.

Nesse preciso momento contemplo uma antiga fotografia em preto e branco do morro de favela em que nasceu Machado de Assis, o “bruxo” como o alcunhou Drummond. Eu os considero “iguais” em literatura. Ambos reinaram em seu tempo. Embora a história de vida do avô seja muito mais louca, por assim dizer, do que a do pai. Machado era pobre, mulato e gago. Já o “guache” era classe média, branco e de ferro. Ou seja, as coisas foram um pouco mais difíceis para o Machado. Vamos ao ponto.

"Sou um feio simpático que com o tempo acaba sendo bonito. No conjunto, ao final, pareço bonito." Ronaldinho Gaúcho

Se você for escritor ou professor, não assista o vídeo noético e desintoxicante acima. Estou avisando. Arrebata o cidadão comum para o lado obscuro da força. Causa ódio. E o Senhor não apraz que suas ovelhinhas alimentem tal afeto.

Nonsense? Não! Alcateia de invejosos! Tremam! Certamente nosso querido Ronaldinho Gaúcho mereceu a Medalha Machado de Assis lhe outorgada pela ABL, baseado na sua indispensável obra universal e no orgulho que nossa nação nutre por sua infinita inteligência, originalidade e criatividade. Obrigado, big boy, por tudo. Meus parabéns!

Segundo livre interpretação minha do pensamento do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, 4 características tornam a experiência humana libertadora: espontaneidade, flexibilidade, capacidade de surpreender e de oferecer aventuras. Então, boa agricultura.

"Numa terra de predadores um leão nunca teme um chacal." Dexter

"É estranho ter uma criação lá fora. Uma versão profundamente alterada de você mesmo, correndo por aí sem controle e ferrando com tudo. Me pergunto se é assim que os pais se sentem." Dexter

Sábado. Churrasco em família. Após uma discussão, um parente colateral teve a audácia de me dizer “no ímpeto da ira”: “Foda-se! Nunca fui com a sua cara!” Surpreendeu-me. Como alguém pode ser tão sincero? Ele não tem futuro! Então, abri meu velho sorriso ambíguo e disse de maneira sombria: “É um direito seu.”. (Meu pensamento: você cometeu um erro, primo... Sou uma ilha cercada de inimigos por todos os lados.).

Noite sensual e sardenta. Gostava de gozar no seu rostinho em noites assim. Você sempre dava uma risada e dizia charmosa: “Que nojo! Essa é a última vez”. Nunca era.  Lembra-se? Também gostava do perfume dos seus olhos, do seu zelo comigo e de como dormia no meu peito tão entregue e confiante. Nostalgia romântica do lobo solipso.

"Quer uma chupadinha, amor?" M.

Eu preciso de ti por uns 30 minutos e depois quero voltar para mim. Eis a verdade. Não sei o que fazer comigo. Ao meu lado estão sempre um velho e um menino. Detesto os dois. Detesto tudo que não seja meu pensamento. Ainda pensa que não posso te ferir?

Enquanto isso nos EUA o pobre Michel Jackson que no auge contabilizou mais de 2 bilhões de dólares e morreu com alguns poucos milhões voltou como um zumbi leproso e sanguinário para tentar arrastar o seu medico consigo para o inferno. Acho isso fácil.

“Quando ele escreve não tem respeito pela opinião dos outros.” Wood Allen, Meia-noite em Paris

Segundo meu amigo Luís Felipe Pondé, tudo se resume a isso: estamos caindo num abismo (a experiência da existência humana em decomposição a partir do nascimento) e o forte, segundo Nietzsche, despenca dançando, ao invés de pranteando. Se assim como eu, você concorda com o filósofo, podemos escolher dançar e ter uma vida qualificada (com cultura, arte e risco) ao invés de uma vida nua (mera sobrevivência e televisão).

Então, dança comigo debaixo desses flocos negros de chuva congelada, my darling?

Por: Thiago Castilho

Canção pós-catártica

E quem se lembra do primogênito do observador? Então, fiz algumas emendas e acrescentei um verso novo: “Numa caverna em Saturno enfrento cães selvagens.” Deleitem-se na desgraça:  Poema para mim mesmo

Um beijo do observador.